Crítica: "A Origem" [10/10]


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É engraçado: quando quero escrever uma crítica logo após ver um filme, não consigo. "A Origem" teve que assentar muito confortavelmente na minha cabeça para me poder expressar aqui.

Acontece que "A Origem" é sem dúvida o filme do ano. Venham "Harry Potter" e "Crepúsculo" e sentem-se a um canto. Christopher Nolan volta a confundir-nos, apenas dois anos depois de "O Cavaleiro das Trevas" e dez anos depois de "Memento", outro filme que ficou para a História como sendo a coisinha confusa que mais sentido faz que alguma vez agraciou os nossos cinemas.

Argumento:
Provavelmente o ponto mais forte de todo o filme: um grupo de ladrões de sonhos é pago a peso de ouro para plantarem uma ideia nos sonhos do único herdeiro de uma das mais ricas corporações do mundo. Isto é a base da história e é tudo o que é possível explicar sem me baralhar todo com a história. O enredo aborda variados temas, desde questões relacionadas com a realidade, passando pelo suicídio, o envelhecimento, a natureza da mente humana, entre muitos outros, mas todos eles muito bem entrelaçados com a história principal.
O único problema com que nos deparamos é, muitas vezes, na dificuldade que se possa ter a acompanhar o enredo, pois Nolan dá-nos pouca margem de manobra para nos familiarizarmos com os vários detalhes e informações que são cruciais para a nossa compreensão da história: "empurrões", totens, níveis de sonho, paradoxos, limbos, agentes... não é um filme para se ver agarrado ao telemóvel e a mandar mensagens (como 75% dos jovens da nossa geração), pois todos os detalhes importam. Mas no final, a nossa atenção e concentração são bem recompensadas.

Realização
Nolan brilha aqui, e ali, e em todo o lado. Nem uma única vez que olhei ao telemóvel para ver o tempo que faltava para acabar, pois o filme não faz cerimónias e puxa-nos logo de início. A partir dos 40 minutos de filme, os restantes 100 são uma corrida desenfreada na qual os nossos sentidos e compreensão são esticados ao máximo, numa tentativa de captar todos os detalhes e pormenores. Por várias vezes dei comigo ainda a interiorizar um conceito, e já a cena tinha mudado e os nossos anti-heróis estavam a ser atacados. Este filme é, sem dúvida, um atentado ao nosso cérebro.

Elenco
de luxo. Leonardo DiCaprio no papel principal de ladrão com remorsos, muito convincente; Ellen Page no papel de virgem no mundo dos sonhos, extremamente cativante; Marion Cotillard no papel de morta, excelente no mesmo (apesar de odiar o sotaque dela); Joseph Gordon-Levitt no papel de espertalhão, intrigante e a merecer mais tempo de antena; Tom Hardy como mímico, inteligente e bem-conseguido; Ken Watanabe no papel do contratante, a surpreender; e Cillian Murphy como vítima, o que é algo inovador.
Nolan conseguiu reunir uma série de actores e actrizes que, juntos, formam uma das equipas mais interessantes de se ver no ecrã, as suas forças e fraquezas complementando-se mutuamente.
Facto: Christopher Nolan coloca, pela terceira vez, um saco na cabeça de Cillian Murphy. Oh senhor, acha que aqueles olhos são para se esconder???

Música
Boa o suficiente para não distrair, mas desempenha um papel importante. A música "Rien de Rien" de Édith Piaf, nomeadamente, é um elemento crucial da história, e é ouvida várias vezes ao longo do filme (e também nos trailers: todos aqueles sons fortes e perturbadores que ouvimos ao longo dos trailers (e também no filme) são, simplesmente, partes da música de Piaf reproduzida a uma baixa velocidade: ver link).
Fora de Piaf, a banda sonora é interessante, com Hans Zimmer a cumprir o seu papel de excelente compositor ("Anjos e Demónios", "Piratas das Caraíbas", "Madagáscar", "O Último Samurai"...).

Conclusão
"A Origem" é um filme forte, chocante, confuso, rápido, inquisitivo, violento, sádico, confuso, confuso e um pouco mais confuso. Adorei e recomendo. A ver... com atenção. E quando o virem... falaremos.

1 Response to "Crítica: "A Origem" [10/10]"

  1. Belíssimo post. Crítica bastante completa, não tirava uma vírgula. Foi a primeira vez que fui ao cinema sozinho e a primeira vez em que chorei a ver um filme no cinema. O filme é épico.

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