Na Caixa I


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Ela chega e pousa um pacote de leite e uma caixa de cereais na passadeira.
- Bom dia! Vai desejar algum saco?
- Boum dia, meu meneino! - Exclamou ela, com um fortíssimo sotaque nortenho. - Oulhe, é axeim, o meneino bá trabalhando debagareinho qui eu axeim bou buscando as coiseinhas uma de cada bez e bou pousando na paxadeira, pode xere?
- Oh, minha senhora, mas eu não posso ficar aqui assim à sua espera! - Respondi eu, sem saber se devia rir ou chorar porque a senhora tinha um ar muito decidido na cara. - Não tem uma moedinha para meter no carrinho? Assim leva o carrinho a todo o lado e escusa de andar para trás e para a frente, está a ver?
- Oh, mas eu num bi nenheum carreinho para metiere uma moueda! E num posso andar cum estas cesteinhas cum rodeinhas qui dipois eu fico touda afliteinha das coxtas, meu meneino! - O ar de aflição na cara dela chegou a assustar-me. Comecei a suar.
- Mas os carrinhos estão lá fora, minha senhora, tem que sair por aquela porta ali e eles estão lá todos - apontei, consciente que, por dentro, o que eu mais queria era desmanchar-me a rir.
- Ahhh, num bi aquela puorta! É que xabe, eu já tenho muita falta de bixta no oulho isquierdo, e debe ter sido por ixo que num bi a puorta. Obrigadeinho, meu meneino!
- Ora essa, não tem de quê!
Fui até à casa-de-banho com a desculpa de lavar as mãos, encostei-me à parede e ri que nem um perdido.

1 Response to "Na Caixa I"

  1. Anónimo

    Olha não fui á casa de banho para lavar as mãos, mas sim para fazer xixi, porque já me fartei de rir com o post. Sem dúvida um sentido de humor espectacular e muito bem escrito. CONTINUA. É caso para dizer que grande bimba.

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